post-diário: outubro e seus retornos ✨

Nem acredito que estou sentando para escrever para um blog novamente. Que sensação deliciosa! Outubro foi um mês de muita fuga e necessidade de volta. Sou encantada por tudo que me leva a encerrar ciclos e iniciar novos. Um blog para mim é a materialização em palavras desse encanto! Escrevo isso no dia 31 de outubro (happy halloween! 🎃👻) e quero fazer durante os meses esse pequeno apanhado do que vivi e senti. Não foi um mês fácil, mas foi um mês de muita esperança. Vamos lá!

Outubro começou com uma promessa de que as coisas passariam para o modo intenso, hahaha. Me vi empilhada de coisas para fazer, de sobrecarga, necessidade de pausa. Foi também o mês em que mais trabalhei em minha loja e mais me esforcei para as coisas acontecerem. De fato, muitas coisas incríveis aconteceram comigo nesse contexto, mas o custo foi super alto. Me vi sem energia, sem ânimo e distante de muitas coisas que eu amo fazer! Está sendo uma longa e demorada viagem de volta e de desaceleração.

Por ter sido um mês lotado de trabalho, vi muito do meu esforço se solidificar em algo palpável e real. Sou super grata por isso 💓 Ver os seus projetos criando resultados bonitos é muito gratificante! Dá uma sensação quentinha de que sou capaz. O excesso é que é perigoso. Aprendi com outubro que em novembro preciso me manter um pouco mais quietinha, respeitar o tempo e os processos. Sigo aqui tentando não esquecer essa necessidade!

Nesse movimento de voltar ao que é essência para mim, continuei um curso que estava fazendo há um tempo e ainda não havia terminado. É um curso sobre fases da lua, menstruação e toda a potência que esses momentos carregam. Sinto que esse foi um passo bonito que me fez perceber que realmente estava sendo estúpida com o interior. O retorno é necessário, sempre.

Comecei a ler um livro super fora da minha zona de conforto que está me divertindo muito antes de dormir. Separei esse momento do dia apenas para me dedicar a essa atividade que é intrínseca ao que eu sou. Não existe e nunca existiu Clara sem a leitura. Confirmo e construo algo no mundo a partir do que leio.

O livro se chama Teto para Dois de Beth O'Leary. Conta a história de duas pessoas que não se conhecem dividindo um apartamento de uma cama só. Eles não apenas não se conhecem como nunca se viram NA VIDA, hahaha (pelo menos até a parte em que cheguei). Tá sendo leve, às vezes até engraçado. Tudo que eu precisava agora.

Nas duas últimas semanas de outubro, meu ritmo de leitura caiu bastante. Simplesmente estava com muita dificuldade de fazer algo exclusivamente para mim nesse período. Não queria me desligar, não queria sentir aquela sensação de assistir as coisas passando, mas ao mesmo tempo era só isso que acontecia.

Peguei um livro de poemas para ler porque essa é a minha maneira mais singela de tentar capturar um pouco os instantes. É isso que anda acontecendo com a leitura de Jóquei. Já conhecia alguns dos poemas mais famosos que circulam a internet, mas não sabia que a leitura desse livro me desafiaria e me traria tantos sentimentos divergentes. 

Pretendo gravar um vídeo sobre ele (meu primeiro vídeo, yayy!) porque preciso falar disso com outras pessoas.

"[...] porque a paixão não é de todo a coisa mais importante mas é sim o canudinho através do qual dá para ver que o mundo é feito de construções de papel - celulose que vem da árvore e que depois se transforma em lista telefônica de onde alguém arranca a página e logo transforma em veleiros e montanhas"

Conheci também uma música super gostosinha que estou ouvindo repetidamente sem parar. Sou essa pessoa que precisa ter contato com algo até não aguentar mais, confesso! Essa música é para morrer de amor, dançar devagar e sentir falta do mundo!

Momento Clarice (é claro que ele precisava existir):

Reli o conto Perdoando Deus nesse outubro. Tem forma mais concreta de perceber essa necessidade de retorno? É uma das coisas mais bonitas que já li e já vivenciei. Termino sempre em lágrimas, hipnotizada pelo magnetismo de Clarice. Falei um pouco sobre ele nesse post.

" [...] Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe."

Em novembro, quero me dedicar a escrever e respeitar pausas. Já sinto que essa é uma mudança que está acontecendo a partir de agora. É preciso não esquecer que dentro também é caminho. Vou aproveitar o dia hoje para assistir um filminho, comer pipoca e reconectar mais tarde com uma lua cheia linda. Quero voltar, quero aceitar a lentidão dos processos. Aceitar e abraçar. Estar disposta a estar comigo sempre que preciso. O mais doido é que é justamente essa a chave: entender que apenas eu estarei aqui nesses momentos. Só eu posso retornar, só eu posso dar o primeiro passo. Acho que somos muito mágicos nesse sentido.

Enfim, nasceu o primeiro post no blog! 💛

(e devo dizer que o simples fato de criar um blog já é um dos muitos movimentos de volta)

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